sexta-feira, 18 de setembro de 2009

As palavras que nunca te direi

Querido rapazinho:

Antes de mais quero que saibas que NUNCA hás-de ler esta carta. Porquê? Porque não quero que me mandes para sítios feios, onde não estou a pensar tão cedo meter os pés. E não tenhas receio de continuar a ler porque eu não te vou mandar a nenhum sítio feio, e muito menos insultar-te e poder dizer que tudo isto aconteceu por tua culpa (acredita que ficaria melhor assim, mas não o vou fazer). Porque… tecnicamente a culpa não é tua, mas também não é minha! Pronto, dividida é dos dois. Mesmo que eu me precipite e diga que a culpa é apenas minha, e que eu faço tudo mal, que erro (etc.) eu acho que tu no fundo sabes que não é verdade. Eu pelo menos penso assim, e enquanto tu não pensares assim, ou pensares assim e pensares que eu não penso, nunca mais sairemos disto. Queria que soubesses, o quanto uma palavra com apenas três letras pode ser difícil para uma pessoa. Sem exageros acho que é mais fácil resumir um discurso com duzentas páginas, num comício internacional para meio milhão de pessoas, do que sorrir, chegar ao pé ti e dize-la. Também podes acreditar (só este discurso te parecer sincero) que sorrir para ti é difícil, porque quando te vejo só tenho vontade de chorar, de gritar, de puxar os cabelos e espezinhar, mas felizmente (acho) que me consigo conter e fingir que está tudo bem, usando os meus prematuros dotes de actriz. Digo-te que se sentisses o mesmo que eu sinto, eu não notaria, porque elogios à parte, tens mais jeito para o teatro do que eu (mas ninguém apanha o André). Logo, dou-te os meus parabéns (eu não estou a ser sarcástica) e tenho pena de não te poder pedir que mo ensines a fazer melhor. Gostava de te dizer e pedir muitas mais coisas, mas temo que isso não seja possível, embora tenha uma vontade de morte de o fazer. Gostava de te dizer que és muito parecido com um dos meus ídolos, quando tens o cabelo grande (como tens agora) e que os teus olhos ainda são mais límpidos que a água de Maiorca. Se pudesse dizia-te que a letra da música da pink é realmente fantástica e que se enquadra muito com a nossa situação (o videoclip é que é horrível, mas prontos). Contar-te-ia que infelizmente perdi totalmente a voz para cantar “Honey Honey”, mas acho que isso agora já não te interessa. Queria também perguntar-te como é que está a ser para ti, o secundário, se gostas dos teus colegas e essencialmente a tua turma, e como não o pude, escapei até às turmas, procurei o teu nome e vi a letra. Triste. Queria que soubesses que ainda guardo com saudade o colar havaiano da festa de final do ano da escola, os pauzinhos do chinês e o CD que me deste. Podia deita-las fora, rasga-las ou manda-las para fora da janela mas não quero. Não quero esquecer que fizeste parte da minha vida, e que ainda fazes mas não da maneira que eu queria. Dizia-te também que adorei os vários chupões que me deste e como lamento das marcas terem desaparecido, se pudesse avacalhava e pedia-te outro. Se continuasse a avacalhar mostrava-te o meu soutien novo e como tem a particularidade de cruzar nas costas, mostrava-te a cor das minhas cuecas e tentaria descobrir a cor das tuas. Se continuasse a puder baixava-te as calças, ou então levantava-te a camisola para ver o teu peito (sempre me fascinei com o teu peito). E se ainda me deixasses, deitava-me em cima de ti para pudermos “brincar” e rir, enquanto nos descobríamos um ao outro. E, quando já estivéssemos cansados de tanta parvoíce, fugíssemos para um mundo só nosso, onde eu poderia contar-te os meus problemas, os meus sonhos e os meus medos. E quando estivesse quase a ir embora, soltava um pulo para cima de ti e agarrava-te com todas as minhas forças, dando à luz o que as pessoas normalmente chamam de abraço, mas o nosso seria mais do que isso. Eu ficaria feliz por tu me ouvires. Ficaria feliz de não ter segredos para ti. Sentir-me-ia tão feliz, tão cheia de sentimentos aos pulos, tão dependente de ti, tão (…) que acho que se estivesse um clima romântico (oi?) te espetava um beijo. E mais outro. E outro. E outro. Até fazer desaparecer a sede que tenho de te beijar. Chegaria atrasada à aula, mas não me importava ^^ (oh espera, importava-me, estou no “nono ano” “um ano fundamental” -. -). E se não tivesse dores nas costas (porque agora ando sempre com elas) me poria de dedos dos pés (porque tu és assim, muito, muito alto) e segredar-te-ia ao ouvido, aquela palavrinha mágica, que nos enche o ego e que nós nunca nos cansamos de ouvir. Oh! Por favor não te canses de ler isto, que estou a escrever com (quase) todo o meu amor. Se continuares a ler, exijo que saibas que depois de te dizer tudo o que jamais te poderei dizer, quero ouvir-te. Ouvir tudo aquilo que tens fechado dentro de ti e compreender-te. Mas tenho medo. Tenho medo que não tenhas nada para me dizer, que não me digas o que eu há tanto espero ouvir. Porque por experiencia própria sei que tu também não me queres ouvir o que eu te quero dizer, muito menos o meu tom de voz (que é, particularmente irritante). Por isso se não queres falar comigo, nem ouvir o meu (…) tom de voz, como é que esperas te venha cumprimentar e te saúda com aquela palavra de três letras, ou com um alegre cumprimento das manhãs. Sabes, eu também tenho medo de exagerar na quantidade de alegria com que diria essa palavra de três letras, e que tu ou não me respondas, ou pior, que me respondas com um pico de secura. Sim, tu és seco. E eu não gosto disso, por isso volto a dizer “se pudesse” dizer-te algo também dizia para falares bem comigo e não para esqueceres todas as boas educações que tendes. E mais uma coisa, se não te quiseres lembrar do passado, de quanto ele parece distante, e de tudo o que passamos nele, lembra-te que eu me lembro. Acho que assim será mais fácil. Longe estou eu de viver o presente do passado, mas as memórias sobressaem-se, principalmente quando estou sozinha, e inevitavelmente quando oiço música. Tão cedo não poderei esquecer-te, já que tu me persegues e apareces em todo o lado, em todo o instante. A culpa não é tua, eu é que não posso evitar. Se tudo estivesse resolvido eu teria de evitar de me sentir extremamente nervosa quando te vejo, sentir seres a bater asas na minha barriga, de ter as hormonas aos saltos e de a qualquer momento sentir que posso vomitar o meu próprio coração (desculpa, é nojento, mas é a melhor maneira de o dizer). Desculpa (também) a minha estupidez, a minha criancice e imaturidade de não ter capacidade suficiente para te dizer isto tudo olhos nos olhos. Se não desculpares, o problema é teu, porque eu já estou mentalizada no caso de não me desculpares (porque bons termos à parte eu estou me a cagar nesta merda de problemas, e eu amo-te FODASSE!). E o problema só é meu, se eu não tiver aberto suficientemente o meu coração’zeco e de não te ter conseguido convencer o suficiente. Coisa que já aconteceu em tempos anteriores. E eu não te vou mentir ao dizer, que não sei se conseguiria ter uma amizade “normal” contigo, porque eu só te consigo ver de uma maneira (-. -) e embora custe, e se vir que não tenho hipóteses, tentarei. Sim porque descansa que eu não vou andar atrás de ti do tipo cadelinha sem dono, a pedir de joelhos que voltes para mim e que sou uma miserável e blá blá. Acho (eu) que tenho uma personalidade forte, que ainda está em construção e prometo respeitar a decisão que tomares. É assim… respeitar, não é a palavra certa, vou levar BASTANTE tempo até me conformar com a tua decisão (porque eu ainda não sei o que quero, tal como tu estou em fase de isolamento total, em termos de pensamentos) mas espero que ao menos bem e mal possamos ser amigos especiais (calma, não é esse especial de andar aí aos beijos quando nos apetece, uma amizade especial de amigos (esta não saiu lá muito bem) e espero também que tenhamos os dois capacidade suficiente para isso, desculpa se eu não a tiver.
E enquanto isto não se resolver, vou deixar de sobrecarregar pessoas com a Inês e tentar viver tudo isto com menos intensidade. Gostava de dizer que vou esquecer-te, mas não sei o futuro e não quero fazer promessas assim do ar. Se isto tudo não mudar é possível que passe por ti e finja que tu sejas invisível, mesmo não conseguido, porque inevitavelmente estou sempre a seguir os teus passinhos. Apaguei o teu número de telemóvel mas para quê? Sei-o de cor -. -
Nem sabes a falta que me fazes. A falta que eu tenho de ouvir a tua voz a chamar-me de “lasanha!” e eu responder com os olhos a brilhar “açorda!”. Se não resolvermos as coisas nos próximos tempos, e se tudo se manter assim quero que saibas que tentarei seguir em frente.
UAU passei uma tarde a escrever isto!
Bem, sê feliz…. (E VAI À MERDA)










Amo-te (muito)

6 comentários:

  1. está lindooo... sério... fodasse... está mesmo lindo!

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  2. Opa, asério, vocês são demais *.*
    Dá tempo, eles são estúpidos demais pa pensar ._.

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  3. Lindo :)
    Adorei...
    E caga nele ^^

    Beijoo

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  4. FERNANDES, pela primeira vez consegi ler este texto e percebi.te PELA PRIMEIRA VEZ, mas ainda bem que ja tas a comecar a andar a frente, fico com muito orgulho da minha piqena esticadinha :c

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Se te deste ao trabalho de ler isto tudo, que tal um comentário'zito? :)