"Vera"

Hoje sinto uma necessidade violenta de escrever. Escrever apenas, não importa o quê. Estou só no meu quarto. O rádio toca suavemente qualquer coisa. Oiço apenas a música.

É um daqueles momentos em que tenho uma vontade enorme de chorar ou de escrever. Hoje escrevi. As palavras correm velozes no pensamento e é díficil acompanhá-las. Muitas ficarão por escrever, mas as principais estão aqui, escritas claramente. Um dia qualquer, no futuro, ao ler o que agora escrevo poderei talvez recordar emoções esquecidas ou sentimentos que passaram.

Por exemplo, em relação à pessoa que digo agora amar e para sempre, mais tarde posso chegar à conclusão de que estava errada. Que não era amor o que sentia. Até pode ser que nunca mais a encontre. Se assim for, depois recordarei esta bela ilusão da juventude como recordo a minha infância. Com a certeza, porém, de que num cantinho escuro do meu coração haverá sempre uma pontinha de amor que lhe reservo. Nesse futuro ele amará outra rapariga e talvez nem se lembre que eu existi, que o amei e que vivi do seu amor. No Mundo dos "Grandes" é assim. Esquecemo-nos rapidamente de tudo o que não é hoje. Mas eu, eu não sou assim! Eu que sou essa rapariga, terei sempre no tal cantinho escuro do meu coração um resto de felicidade que ficará eternamente. Felicidade que nasceu num momento e viverá uma vida se quisermos.

Mas isso pertence ao futuro, não depende de mim. Hoje acredito que amo. Amanhã já poderei amar de outra maneira e ver que estava enganada quando escrevi isto. Podemos escolher caminhos diferentes e nunca mais nos encontrarmos. Restarão então entre as cinzas do meu amor de hoje pequenas brasitas que jamais se apagarão.

Mas hoje, hoje eu acredito e prometo que te amo.