Encontrei-te.

Não faço ideia de há quanto tempo é que não escrevo um texto decente.
A verdade, é que isso não me incomoda muito, visto que ultimamente os momentos de inspiração que tenho tido são muito escassos.
E se não tenho inspiração para quê tentar escrever algo de jeito? Algo que tenha sentido?
É claro que sempre poderia relatar a minha vida, mas acontece que até dela, tenho poucas coisas para contar. Coisas que não têm importância. Coisas que não têm nada de extraordinário. Coisas banais, que qualquer pessoa com uma vida normal era capaz de relatar.
A verdade é que ando chata. Seca. Sem nada para contar. Sem problemas.
A verdade é que pela primeira vez na minha vida, sinto-me normal o suficiente para achar que tudo isto não tem nada de fantástico ou de diferente.
Eu sempre me achei diferente. E agora quando olho para trás, vejo no quanto ridícula era por pensar assim. No que é que eu sou diferente nos outros? Sou uma pessoa normal, com uma vida normal.
Não tenho nenhuma doença grave em estado terminal.
Tenho uma família (que apesar de ter os seus problemas) gosta de mim e me quer bem.
Não tenho qualquer tipo de problemas financeiros, e tenho a sorte de beneficiar de coisas que nem toda a gente tem acesso. Coisas que eu acho tão obvias que nem lhes dou a mínima importância ou valor.
Não percebo porque é que a maioria dos adolescentes sente tanta necessidade em se auto-titular como uma pessoa diferente, visto que no final a diferença se faz por se assumir a normalidade.
(Mas como diz o F. isto são crises existenciais, às quais eu própria já estive sujeite, e as quais eu própria já ultrapassei.)
E acho que no fundo, foi essa a razão por eu ter criado este blogue. Para mostrar ao mundo a minha diferença. A diferença que existe por eu ser a pobre da rapariga que já morreu de amores por um rapaz que achava que não queria saber dela para nada (e que afinal de contas, queria). A diferença que existe em se estar a crescer. Não existe diferença nenhuma.
E é por isto, que para mim este blogue perdeu algum dum sentido que tinha. E ao mesmo tempo, perdeu significado para mim. Pois possui partes de mim, com as quais eu já não me identifico e sobretudo, possui sentimentos que já não existem e feridas que o tempo se encarregou de sarar.

Tudo isto é passado. E já não existe mais espaço para o passado na minha vida. Já não quero saber do que se passou ou do que não passou e deveria ter passado. Agora só quero saber do futuro, e do que poderá ou não acontecer a seguir.