sábado, 21 de março de 2009

Mudanças

Foi na aula de matemática. Estava na minha cadeira, calada, a fazer desenhos. Pareceu-me ouvir alguém chamar pelo meu nome “Bia!”. Tinha o mp3 na mão e perguntou-me “Bora ouvir as gravações do 6º ano?”. Acenei com a cabeça expressando um sorriso. Ouvi. Ri-me (demasiado até).
Relembrei pessoas esquecidas e episódios de vida que me deixaram saudades. Saudades sufocantes.Esqueço-me que em tempos, aquelas pessoas foram o centro da minha vida. Para quem euu vivia. Com quem eu vivia. Com quem eu troquei experiencias que não mais voltarei a trocar.Os risos, as zangas, os mimos, os sonhos, os medos, tudo.Agora não passam de meros desconhecidos.Entretanto cresci. E se eles me vissem agora achariam o mesmo.As pessoas vêm e vão, e nada muda isso. Só nós. Mas não o fazemos, porque dá muito trabalho marcar um encontro ou mandar um SMS a dizer “olá!”.Mas a conversa não passaria de:
“Olá!
Olá! Tudo bem?
Sim e contigo?
Também. Que fazes?
Nada e tu?”
E a conversa acaba. HELLO! Foi contigo! Foi contigo que eu dei o meu primeiro beijo! Foste tu a minha primeira melhor amiga! Foi contigo que eu troquei as primeiras conversas sobre sexo! Foste tu que estiveste lá, quando aquele rapaz não queria saber de mim!
E eu esqueci-te. Tal como tu a mim.Os intervalos, as saídas, a confiança, as brincadeiras, os mimos resumem-se agora a conversas sem sentido na internet. Se me visses o que fazias?Cumprimentavas-me. Perguntavas como iria a minha vida. Voltavas-me a cumprimentar despedindo-te. E eu caía outra vez no esquecimento.Porque agora há alguém no meu lugar.nAlguém para abraçar, beijar, consular e ter conversas sobre sexo.Fui substituída tal como tu foste na minha vida. Sem querer. Agora não passas de um conhecido ou de um velho amigo. O único que temos em comum, são memórias. Que se apagarão com o passar dos anos. Talvez um dia, mais velha e casada, esteja a limpar a casa e encontre no sótão, um álbum com fotos tuas. E tudo volte.“Que será feito de ti?” Uma pergunta sem resposta.Foi um erro ter-te prometido “nunca me esquecerei de ti” – promessa não cumprida.Foste passado.Eu sou como a beira de uma praia. As pessoas passam deixando pegadas na areia. A onda vem e apaga as pegadas, deixando a areia lisa. As pessoas voltam a passar e mais pegadas surgem na areia. E a onda volta a apaga-las. É um ciclo vicioso. Há aquelas que ficam marcadas para sempre. Estão num cantinho onde a onda não chega, e não desaparecem. Existirão essas pessoas. Mas serão poucas. Porque é preciso dedicação e nos não estamos para isso.Mas hoje continuo de mãos dadas com os “amigos do presente”. E fazemos promessas.
Será que as cumpriremos?
Tu e eu, juntas para sempre?
Seremos para sempre os melhores amigos?
Andaremos juntas para sempre?
Saltarei para as tuas cavalitas para sempre?
Ouvirei o teu “amo-te bia” para sempre?
Sentirei o teu abraço para sempre?
Serás para sempre especial?
Será para sempre, este presente?
Hoje prometo-vos, será para sempre. Mas não o garanto no amanha embora hoje o sinta.

2 comentários:

  1. Eu li.o na folha... +.+ num intervalo em k tava bue mal, mas d alguma maneira m animou

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  2. tão realista. às vezes quando me deparo com esses farrapos de memóriapor meio de objectos pertencentes a estes passados tão próximos e longínquos também me questiono. Que raio de promessas fazemos? que raio de laços de afecto tão ténues criamos que se desvanecem com um simples andar de ponteiros... E a nostalgia ataca. Eu não queria ser assim. Ter uma vida repleta de 'fracassos'.

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